A transformação de Cristiano Ronaldo num dos jogadores mais prolíficos que o jogo já viu parece ter começado após um cartão vermelho que ele recebeu no Fratton Park, frente ao Portsmouth no ano de 2007.
Cristiano Ronaldo, então, na sua primeira passagem pelo Manchester United – enfrentava o antigo médio internacional escocês Richard Hughes, nos momentos finais de uma partida que estava empatada 1-1.
Durante o confronto, o astro da selecção portuguesa deu um encosto com a cabeça a Hughes e o homem de Portsmouth decidiu aproveitar ao máximo o contacto recebido, algo que provavelmente convenceu o árbitro Steve Bennett a dar a Ronaldo o cartão vermelho.
Sir Alex Ferguson ficou absolutamente fumegante. No entanto, a decisão foi tomada e Ronaldo foi forçado a ficar de fora dos três próximos jogos dos Red Devils frente ao Manchester City, Tottenham e Sunderland. Uma pausa internacional entre os jogos de Tottenham e Sunderland significaria que Ronaldo não ia representar o United num jogo oficial durante mais de um mês.
Não sendo então obrigado a viajar com a primeira equipa ou a participar na grande maioria das sessões de treino, Ronaldo foi essencialmente um homem livre durante o período da sua suspensão.
Dada a suposta natureza dura do cartão vermelho, muitos jogadores poderiam ter decidido passar o mês a sentir pena de si próprios. Mas não Cristiano Ronaldo.
Em vez de aproveitar a sua suspensão para descansar, Ronaldo decidiu que queria usar o seu tempo fora das 4 linhas para acrescentar mais armas ao seu já impressionante arsenal.
Assim, Cristiano Ronaldo procurou a assistência do treinador do clube René Meulensteen para o ajudar a evoluir como jogador durante esse período. No início deste processo, segundo o Daily Mail, Meulensteen disse que Ronaldo estava “mais preocupado com a qualidade dos golos que marcou, do que com a quantidade”.
Com o intuito de mudar a mentalidade do jogador para a marcação de golos, o treinador holandês encarregou Ronaldo de estudar vídeos de lendas de clubes como Eric Cantona e Ruud van Nistelrooy, encorajando-o a analisar o que os tornava tão prolíficos em frente à baliza.
Depois de horas e horas a ver filmagens, Cristiano Ronaldo e o treinador foram para o campo de treino onde Meulensteen concebeu uma série de exercícios concebidos para afiar os instintos do astro.
Os métodos do Meulensteen foram um sucesso com Ronaldo que aparentemente não se fartou das sessões de treino. Mais do que isso, ele até encontrava Ronaldo à sua espera fora do escritório quando ele chegava para trabalhar.
Meulensteen estimou que Ronaldo fez pelo menos 5.000 remates à baliza durante o seu mês de trabalho em conjunto. E disse: “Toda a mentalidade de Ronaldo em relação à finalização mudou. Passou de ‘Quero marcar o golo da época’ para ‘Quero ser uma máquina de fazer golos’. Ele estava numa missão”.
E o resto é história: até ao seu cartão vermelho contra o Portsmouth, Ronaldo tinha marcado 50 golos em 196 jogos durante o seu período no United, com uma média de apenas 1 golo a cada 3.9 jogos. E desde essa suspensão até à sua saída para o Real Madrid em 2009, conseguiu fazer 68 golos em apenas 96 jogos – 1 golo a cada 1.4 jogos.
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