Foi no ano de 2004 que o famoso defesa Thiago Silva tuberculose enquanto jogava na equipa B do Futebol Clube do Porto e bem, o problema fez mesmo com que ele tivesse ponderado a reforma.
No Brasil, chamam a Thiago Silva algo como ‘O Monstro’. Filho das favelas do Campo Grande e abandonado pelo seu pai aos cinco anos de idade, o veterano defesa ultrapassou inúmeros contratempos para se tornar um dos melhores defesas centrais do século XXI.
Agora, enquanto o Chelsea se prepara para enfrentar o Porto a contar para a segunda mão dos quartao-de-final da Liga dos Campeões, o jogador voltará a enfrentar um clube onde, tendo-se juntado a eles há 17 anos, a sua carreira quase terminou antes mesmo de ter começado devidamente.
Aos 19 anos, Thiago deixou o clube brasileiro da segunda divisão Juventude para se juntar ao Porto num negócio no valor de 2,5 milhões de euros, embora em vez de estar integrado na equipa da primeira equipa, tenha passado a campanha de 2004/05 a jogar pela equipa ‘B’ dos Dragões.
Foi durante uma viagem à Tailândia com as reservas que o jogador começou a sentir-se doente, embora originalmente acreditasse que estava apenas a sofrer de uma constipação. Nos dias que se seguiram, ele acabou por ser emprestado ao Dinamo Moscovo, numa tentativa de relançar a sua carreira. Acontece que depois de apenas algumas sessões de treino com os russos, os sintomas de Thiago começaram a piorar, à medida que ele se esforçava por respirar quando desempenhava até mesmo tarefas básicas.
Ele acabou por ser levado para o hospital, onde lhe foi dito que o que ele realmente tinha era tuberculose. Os médicos informaram-no que se ele tivesse esperado apenas mais duas semanas em casa em vez de procurar ajuda médica, poderia ter morrido.
O estado de Thiago era estável, mas devido a ele não ter respondido ao tratamento, ficou isolado dentro de uma instalação médica em Moscovo durante seis meses, devido à natureza contagiosa da doença. Só depois de a sua família ter rejeitado a sugestão de que ele fosse operado aos pulmões é que ele partiu para regressar a Portugal, onde acabou por recuperar após mais seis meses de tratamento.
“Thiago passou quase um ano no total no hospital”, conta Belle Silva, a esposa do internacional brasileiro, numa entrevista exclusiva ao Goal.
“No meio do processo, após seis meses em Moscovo, disseram que não podíamos fazer nada e que iam tirar-lhe uma parte dos pulmões. Ele não seria capaz de continuar a jogar futebol porque não teria 100% de confiança na força dos seus pulmões”.
“Quando ele e a família compreenderam a gravidade da situação, já tinham sido seis meses de internamento num quarto de hospital. Era muito difícil aceitar emocionalmente que o seu sonho acabaria com esta operação nos seus pulmões. Thiago era jovem e eu tinha 17 anos na altura, por isso era difícil comunicar através de tradutores, especialmente naquela idade. Os tradutores muitas vezes só diziam o que achavam que devíamos saber, não toda a história”.
“Após os primeiros seis meses, fui do Brasil para a Rússia para estar com Thiago. Desde então, não saímos um do lado do outro. Ele obteve o segundo diagnóstico em Portugal e nós tivemos lá tratamento. Vivemos mais seis meses em Portugal enquanto ele se curava.
Ainda sentimos que poderia ser difícil para ele jogar profissionalmente depois de a doença ter desaparecido. Ivo Wortmann (o treinador de Thiago na Juventude) já lhe tinha dado uma oportunidade antes, e fê-lo novamente no Fluminense. Ele relançou a sua carreira”.
Este feitiço no Fluminense reanimou de facto a carreira de Thiago e, 3 anos mais tarde, ele mudou-se mais uma vez para a Europa, desta vez para o AC Milan, onde se tornou um dos melhores defesas do jogo.
As transferências para Paris Saint-Germain e agora Chelsea seguiram-se desde então, mas o jogador de 36 anos ainda olha para trás nos dias mais negros da sua carreira e considera o que poderia ter sido.
“Graças a Deus que tive a força para a ultrapassar tudo e ficar bom”, disse ele após a sua chegada a Chelsea em Setembro. “É difícil falar sobre isso porque traz de volta estas memórias. Parecia que o sonho tinha acabado”, disse.
“Sinto-me muito grato à minha família e à minha mulher, que me apoiou muito e me deu a força para o superar, para que eu pudesse então perseguir os meus sonhos. Agora, posso dizer hoje que sou um campeão não só no futebol, mas também na vida”.
Fazias ideia da sua história?