“Querido Cristiano,
O dia em que foste apresentado no Santiago Bernabeu foi o dia mais bonito de 2009. Ainda me lembro de ti a entrares por aquela rampa e a perguntar-me se mais algum outro jogador fora recebido assim pelos seus adeptos. Desde logo me apercebi que tal recepção não era para um jogador normal.
Quando chegaste como um Galáctico, estávamos mal. Os nossos rivais estavam a dominar-nos e fizeram a melhor época da sua história. A tua chegada deu-nos esperança. Sabíamos que tínhamos o nosso próprio super homem para competir com o pequeno mágico deles. Vamos ser honestos, ele ainda te dominou nos primeiros anos aqui, tendo ganho Bolas de Ouro por diversão. Mas o que nos trouxeste foi muito mais do que troféus. Finalmente quebrámos o enguiço dos 16-avos-de-final da Liga dos Campeões, tendo alcançado umas meias-finais. Finalmente, havia esperança. Mas um penálti falhado fez com que os nossos sonhos ruíssem de novo.
“Devo-vos uma final da Liga dos Campeões”, disse Ronaldo depois de ter sido eliminado da UCL em 2012.
Não só cumpriste a promessa como a satisfizeste da melhor maneira, melhor do que todos esperávamos. Pedimos uma, tu deste-nos quatro, todas ganhas. Tornaste-te o melhor marcador do clube, melhor marcador da Liga dos Campeões e de um 4-1 em Bolas de Ouro frente a Messi, conseguiste empatar para 5-5. Fizeste história época após época, mesmo sendo apupado, quer pelos outros, quer por alguns do nosso clube. Felizmente, tinhas outras coisas em mente. A tua determinação sempre foi maior do que tudo o resto”.
“Sempre tiveste haters. Lembro-me do extremo vertiginoso que eras nos tempos do United. Eles diziam que não eras consistente. Depois começaste a marcar golos, e disseram que não eras mais do que um homem de área. Provaste-te como o melhor a bater penálties e chamaram-te de ‘Penaldo’. Desenvolveste uma capacidade monstruosa de bater livres diretos e começaram a falar em taxas de conversão. É evidente, quanto mais sucesso fazias, mais as pessoas te odiavam. Só te quero dizer que existem pessoas que te adoram e que te idolatram mais do que aquilo que os teus haters podem fazer.
Nem quero falar sobre o que já fizeste nesta carta, está à vista de toda a gente. Não há mais nada que tenhas de provar. Só te quero dizer que és tão importante para nós como eras há uns anos. As pessoas dizem-me que vais sair e ninguém te pode impedir. Fizeste o suficiente para nós para te adorarmos até ao resto da vida. O que tenho para te dizer é que não precisas de sair pela falta de carinho e apoio. O Madridismo não se limita às pessoas que apupam, é toda uma base de adeptos leal, pessoas que ficam acordadas até tarde duas vezes por semana só para vos ver jogar. Choramos e rimos com a equipa, contigo!
Já vi o Iker sair, já vi Guti, Di Maria, Ozil a saírem, até já vi o Pepe a sair. Vou conseguir lidar bem com isto. Mas amanhã, vou continuar a acordar com a esperança de que tudo isto tenha sido apenas um pesadelo.
Sinceramente,
Um Madridista”.